quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Fronteiras do Universo - Phillip Pullman


Imagine um mundo onde, em pleno século XXI, Política, Religião e Ciência são regidos pela Igreja Católica. Um mundo onde o Estado não laico controla todo o desenvolvimento científico, embargando e eliminando sumariamente projetos e pesquisas que possam vir a ser considerados blásfemos. Assim é o mundo retratado na trilogia Fronteiras do Universo, do autor inglês Phillip Pullman.

Phillip Pullman

Apresentando a complexa teoria dos multiversos, estudada pela física quântica, Fronteiras do Universo apresenta-nos ao mundo da pequena Lyra Bellacqua, um mundo que, apesar de atual , evoluiu de forma diferente. Assim, supõe-se que o principal motivo dessa diferença seja o fato de não ter existido o movimento histórico da Reforma Protestante na Idade Média, tendo seu principal responsável, João Calvino, sido um Papa que transferiu a sede do Poder Católico de Roma para Genebra. Isso acabou fortalecendo a Igreja Católica e criando uma sub partição chamada Tribunal Consistorial de Disciplina (espécie de Tribunal de Inquisição) que, ao invés de combatido e abolido pela evolução, se desenvolveu e acabou controlando o mundo.



Assim, os reitores das Universidades, os professores, os cientistas e toda uma gama de autoridades existentes naquele mundo, quando não são membros diretos da Igreja Católica (no livro chamada de Magisterium), acabam sendo subordinadas a ela. Descobrir ou pesquisar algo como a não existência de apenas dois mundos (o material e o espiritual, que é tido como verdade incontestável pelo Magisterium), mas de vários outros além deles (os universos paralelos, dentre eles, o nosso como o conhecemos), é considerado blasfêmia, podendo o pesquisador ser punido com a morte.


Apesar de essa complexa história ser o pano de fundo que move toda a saga retratada nos três livros da série (A Bússola de Ouro, A Faca Sutil e A Luneta Âmbar), Fronteiras do Universo é uma história leve, divertida e que pode ser lida até mesmo por crianças já iniciadas na literatura e que não se assustem com livros sem figuras. No universo de Lyra existem criaturas mágicas que coexistem com os humanos e mesmo estes humanos possuem uma característica diferente de nós: cada um deles possui consigo uma criatura em forma de animal falante que nasce, cresce e morre com eles. Essas criaturas são supostamente a alma das pessoas que, diferente das teorias teológicas tratadas em nosso mundo, habitam fora do corpo, sendo parte integrante da personalidade e característica do humano que a possui.

O universo retratado por Pullman, assim como o visto em outras sagas como O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Nárnia, é repleto de regras e detalhes, o que acabou gerando estudos detalhados de comportamento dos personagens, desenvolvimento histórico e cultural, além de diversos pontos que são levados a sério por diversas pessoas, principalmente na região do Reino Unido, onde a saga é bastante popular.

Polêmico por abordar um tema tão controverso como religião, mas imaginativo como quase nenhuma fantasia escrita por autor ainda vivo conseguiu ser nos últimos anos, Fronteiras do Universo é uma obra que merece fazer parte de sua estante por nos desprender de toda essa nossa realidade e fazer com que, por algumas horas de leitura, tenhamos ao alcance de nossas mãos todo um mundo novo a ser explorado.


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