Não
se consegue precisar a época exata, sequer aproximada, em que O Pistoleiro
perseguia o homem de preto pelo deserto, mas podemos supor que toda a história
relatada nas inúmeras páginas de A Torre Negra passa-se provavelmente em um
futuro tão distante que a humanidade voltou a viver nos moldes do passado. E na
verdade, o tempo pouco importa para quem ousa aventurar-se neste fantástico
épico, pois, como descobrimos, o destino é como uma gigantesca roda que gira
infinitas vezes, fazendo com que tudo o que ocorrerá já aconteceu outras vezes,
e tudo o que é, será de novo daqui a algum tempo.
Stephen King |
Isso,
somado ao fato de que, com o a ameaça constante de A Torre Negra - o eixo
central que equilibra todos os universos - se desestabilizar, o fator
tempo/espaço está prestes a entrar em colapso. E muito embora o mundo de Roland
não seja exatamente o nosso, acaba por se mostrar perturbadoramente semelhante
por imaginarmos um futuro de caos e devastação que nossa humanidade
inexoravelmente alcançará, caso não modifiquemos o modo como conduzimos as
coisas.
Assim, o autor da saga, Stephen King, nos leva a um mundo que apresenta características de períodos medievais, permeado por gigantescas parafernálias metálicas que continuam em seu eterno e incompreensível funcionamento, construções futurísticas há muito inútilizadas e abandonadas ao tempo, denotando que ali houve um passado tecnológico que ficou esquecido pelos homens.
E se
eu estou indo muito rápido ao ponto, tentem entender: a missão e a saga de
Roland Deschain em A Torre Negra é grande demais, imponente demais, para ser
relatada em tão poucas linhas como estou tentando fazer. Roland quer alcançar a
Torre, esta é a engrenagem principal que move toda a história. E mesmo que o próprio Pistoleiro não saiba ao certo que realmente seja a Torre (o que aprendeu foi com as
experiências vividas em sua longa vida, pois já é um homem velho), o que sabe o
impulsiona a seguir em frente.
Imaginem
um relógio de ponteiros do tamanho do universo, onde cada número representa um
mundo. Entretanto, todos esses mundo orbitam em um espaço, um vácuo infinito,
onde não existe tempo, onde o Nada é algo possível e real. E para cada um
desses mundos existe um Guardião, um animal gigantesco, dotado de inteligência,
sabedoria, personalidade e poderes que conseguem manter as coisas em ordem,
como a Vida exige que seja. E cada um desses mundos, cada um desses Guardiões é
ligado a outro imediatamente à frente - como se o doze do relógio fosse ligado
ao seis, o três fosse ligado ao nove e assim por diante – por conexões
denominadas “Feixes de Luz”. E no centro de tudo isso, unindo e prendendo todos
os Feixes está A Torre Negra. Os Guardiões também têm a função de manterem
constante vigilância nos Portais que, localizados nos finais dos Feixes de Luz,
conectam os mundos entre si.
Destruir
os Feixes de Luz desestabilizaria irreversivelmente a Torre, fazendo com que
todos os universos se perdessem no caos onde o Tempo e Espaço não existem. Isso
faria com que tudo retornasse que era antes de todo o processo da Criação, o
que denominam Primal. E é neste contexto que o poderoso Rei Rubro (um poderoso
ser que encontra-se aprisionado em um dos andares da Torre Negra) deseja
reinar. Assim, ele utiliza-se dos Sapadores (pessoas de todos os mundos que
possuem poderes especiais), aprisionando-os e subjugando-os a inúmeras formas
de tortura para que utilizem seus poderes no intuito de degenerarem os Feixes
de Luz, em um trabalho árduo e constante.
O mundo pós apocalíptico de Roland |
Andre Linoge |
Overlock Hotel |
Parcimonioso |
Da mesma forma, cidades como Derry (cenário de inúmeras obras como A Coisa e Insônia), Jeruralem`s Lot (cenário do conto homônimo em Sombras da Noite e do romande A Hora do Vampiro) e Castle Rock (Trocas Macabras, Cujo, Depois da Meia Noite); lugares como Duma Key, o Overlock Hotel (O Iluminado), Little Tall (Eclipse Total e A Tempestade do Século) e o cemitério Mic Mac (O Cemitério) mostram-se locais que podem estar sendo afetados pelo início do caos provocado pelos agentes do Rei Rubro, ou, simplesmente, locais onde os Feixes de Luz estão sendo “trabalhados” em sua degradação.
Carrie White |
Não há nada comprovado a respeito dessas inferências.
Nem mesmo o próprio autor mencionou qualquer dessas coisas alguma vez,
entretanto, como
leitor fiel e fã das obras de Stephen King, acredito que tenha um nexo e uma
conexão em tudo o que ele escreve. E que essa conexão é a obra que ele levou
mais de trinta anos para encerrar (e ainda continua a ser lapidada com obras como The Wind Through the Keyhole, ainda inédita no Brasil e as diversas histórias em quadrinhos, lançadas em
parceria com a Marvel Comics, além do conto As Irmãzinhas de Eluria). Assim,
cabe aos leitores apenas seguir pelo caminho traçado pelo Feixe de Luz e
adentrar em qualquer um dos mundo que rodeiam a Torre, ou seja, qualquer das
histórias escritas por esse gênio da literatura moderna para termos longos dias
e belas noites.
Bela resenha! Análise perfeita!
ResponderExcluirAnalise abalizada, sem dúvida. Qualquer fã de King já se sentiu transportado a um destes mundos pelos Feixes.
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